Julia Galecka, Offício

Voltámos ao Offício e a uma das ruas mais bonitas e emblemáticas da cidade de Tomar porque percebemos que ali havia mais uma interessante história pronta a ser contada. Para variarmos no espaço escolhemos uma das muitas esplanadas que por ali existem e deixámos que a informalidade do lugar ditasse a ausência de regras para uma conversa que se quer orgânica e de partilha, e foi exatamente isso que viemos a encontrar nas palavras da Julia.
Diretamente da Polónia para o Centro de Portugal, este foi o lugar escolhido por Julia e o marido para começar um novo capítulo das suas vidas em setembro de 2021. A compra da casa foi feita vários meses antes mas só em setembro conseguiram vir mesmo de malas e bagagens. Nos últimos 10 anos na Polónia viviam já numa aldeia na floresta, depois de se terem cansado da loucura de Varsóvia e quando escolheram Portugal sabiam de antemão que não queriam viver numa grande cidade, decidimos experimentar Portugal por ser um lugar onde não estaríamos super distantes da nossa família e amigos e quando chegámos aqui sentimos imediatamente boas vibrações.
Numa fase inicial viviam cá e lá, mas com a mudança do paradigma laboral, a Julia decidiu perguntar à Agência de Publicidade onde trabalha se poderia continuar com eles mas fazendo-o a partir de Portugal e eles aceitaram. Como nesse momento a casa ainda não estava pronta para que pudesse trabalhar lá, pesquisou opções de coworking e descobriu o “Offício” o que se revelou a solução perfeita, começo a ter alguns amigos aqui, a maioria do Offício e das aulas que fiz presenciais em português quando chegámos. O seu marido continua a deslocar-se com maior regularidade para a Polónia porque trabalha na indústria de filmes e de publicidade, mas a longo-prazo mudar de área é uma opção que está em cima da mesa como forma de conseguir viajar menos e permanecer mais em Portugal.

Nesta região encontrou uma forte envolvência da Natureza, um dos requisitos essenciais para si, mas acima de tudo e segundo ela a genuinidade dos portugueses e a sua hospitalidade, o sol durante todo o ano, e uma forma de viver mais lenta e mais leve, na Polónia temos a necessidade de estarmos sempre ocupados e de fazer tudo ao mesmo tempo como se isso fosse uma coisa boa. Aqui consegue ter mais tempo e de maior qualidade de vida, não só para trabalhar mas acima de tudo para pensar e desenvolver os seus projetos pessoais, o meu sonho é trabalhar para pessoas como eu, com as mesmas preocupações, como a natureza e os animais porque não estamos sozinhos neste planeta.
Fãs de hiking e de tudo o que implique estarem rodeados por natureza, todos os fins de semana Julia e o marido se transformam em exploradores dentro desta região. Enquanto a maior parte dos portugueses foge para o mar, eles fogem sempre para lugares onde é a mãe natureza quem reina. Quando as pernas ficam demasiado cansadas trocam as caminhadas por verdadeiras expedições a feiras de velharias e lojas em segunda mão.
O grande projeto, mesmo para quem assume não fazer grandes planos, é o de recuperar a “ruína”, como carinhosamente chamam à casa que compararam em Alvaiázere. A ideia é depois poderem transformá-la num lugar onde possam confluir várias artes, num espaço de cultura e criatividade, e para que possa deixar o trabalho da agência e seguir o seu caminho, não sei quanto tempo vou viver aqui, mas eu não sinto que precise nomear tudo como “esta é a minha casa” ou “eu vou viver aqui para sempre” mas agora sinto-me bem aqui agora e muito feliz.
