Histórias Histórias | Capítulo II Serra da Estrela

Filipa Assunção, Cooperativa – Cowork das Aldeias de Montanha – Lapa dos Dinheiros

A Filipa é aquilo a que podemos chamar uma alfacinha de gema. Nasceu e cresceu na capital e mesmo no momento de seguir para o ensino superior, foi por lá que ficou, tendo feito a sua licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade NOVA. Depois de ter passado por várias agências de marketing e publicidade, hoje, com 29 anos, assume funções na área do e-commerce de uma multinacional desportiva. Apesar de pelas suas circunstâncias podermos de forma natural assumir que é uma pessoa mais citadina, rapidamente esse pensamento se desvanece pelo seu discurso. O seu habitat natural e que gostaria de privilegiar sempre é ao ar livre e no meio da natureza, preferencialmente com a montanha bem por perto. Por esta razão não é de estranhar que sinta um fraquinho tão grande pela região Centro, apesar da total ausência de raízes familiares no território. 

Eu sou de Lisboa, a minha família é toda de Lisboa e nesta altura do Natal em que todos vão para a terra, eu sinto como se não tivesse terra. Apesar de obviamente gostar das muitas vantagens que também encontra na vida da cidade, a verdade é que sempre que a oportunidade surge, foge para o campo.  Sou uma pessoa completamente outdoor, faço muitos desportos de montanha, por isso passo a vida ou a escalar, ou a conhecer novos trilhos e ferratas. Além de obviamente gostar da sensação de ar puro, o seu maior impulso é a paixão pelo turismo de natureza. Aliada a essa paixão, assume também um enorme fascínio por conhecer novas pessoas, e pelas tradições e costumes tipicamente portugueses. É aqui que surge a ligação óbvia com a região Centro, onde adora perder-se mas também desfrutar de diferentes experiências gastronómicas. Normalmente quando há um colega novo na empresa e que chega de uma localidade que ninguém conhece eu sou aquela pessoa que diz “sim sim, eu já lá estive, tem uma cascata, tem isto, tem aquilo”. 

Habitualmente as suas escapadinhas para o interior aconteciam apenas quando as férias assim o permitiam, mas agora que trabalha em regime híbrido, só tendo de estar dois dias presencialmente no escritório, pode finalmente alargar esses momentos. Foi assim que em Agosto do ano passado decidiu rumar à Serra da Estrela para fazer algo com que há muito sonhava, a “Rota da Transumância”. Marcou a estadia em Seia e o passo seguinte foi descobrir que locais poderia usar para trabalhar. Descobri o coworking da Lapa dos Dinheiros, mandei um email e no dia seguinte tinha uma resposta. Quando lá cheguei fiquei super surpreendida. O espaço está extremamente bem decorado, adorei os pormenores do uso do burel, a cozinha, e está super acolhedor, senti-me mesmo em casa. E na minha hora de almoço ainda aproveitei e fui à praia fluvial dar um mergulho. Apesar da rota ter sido cancelada pelo pico de calor que se fez sentir nessa altura, toda a restante experiência foi tão boa que automaticamente ficou a promessa de voltar. Depois confesso que fui procurar e já fiz assim um roteirinho de espaços de cowork, com sítios onde gostava de ir. 

Na zona Centro conhece particularmente bem a zona da Lousã pelas caminhadas, a Ecovia de Viseu, Dão Lafões, e mais uma série de outros lugares perfeitos para trilhos e atividades de geocaching. Eu também não sou tanto de praias, sou mais de montanha, de rio, de lagos, portanto é mais essa área que conheço. Depois também vou muito pelas tradições ou por eventos regionais que vou vendo que surgem e que gosto de ir, como por exemplo, o Festival dos Míscaros no Fundão. A flexibilidade que o teletrabalho lhe veio trazer proporcionou todas estas possibilidades, e isso faz com que já não se consiga imaginar de todo a trabalhar num escritório de segunda a sexta. 

O futuro é ainda uma grande incógnita, mas quando o lado profissional estiver mais estabilizado – isto é, quando tiver a certeza se se manterá o regime híbrido – a ideia é sair de Lisboa. A vontade de comprar a sua primeira casa cresce e com ela o desejo de poder estar finalmente num meio mais sossegado e onde a natureza vence o domínio do cimento. Até lá, aquilo que tem absoluta certeza é de querer continuar a conhecer novos lugares, novas pessoas e vivências, e a estar sempre que possível mais perto da montanha. E por isso, o Centro e as suas infinitas opções farão sempre parte do roteiro, até porque a Rota da Transumância ficou já reagendada para o próximo ano.